O primeiro palanque

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Às 15h01 de ontem - apenas um minuto a mais do que na hora marcada -, Jarbas Vasconcelos (PMDB) entrou no minúsculo auditório do seu escritório político no Recife, no bairro da Ilha do Leite, que àquela altura já estava apinhado de jornalistas e aliados. Depois de um preâmbulo de cinco minutos, o senador e principal líder da oposição em Pernambuco disparou: "Vou disputar o governo porque os pernambucanos me pediram". Um alívio rapidamente transformado em euforia geral pelos jarbistas presentes, que reagiram com um forte aplauso. Estava aberta a campanha.

"Pernambuco vive um bom momento, mas o atual governo carece de foco, atira pra tudo quanto é lado."

"Não vou fazer como o atual governador, que passou a campanha de 2006 dizendo que não queria falar do passado."
Jarbas Vasconcelos - Senador

A entrevista coletiva criada para o senador revelar se seria ou não candidato tomou proporções bem maiores, mais precisamente da altura de um palanque. Ao lado dos líderes e dos principais políticos dos partidos aliados (DEM, PSDB e PPS), o "sim" de Jarbas aconteceu com o aditivo de outros elementos típicos de início de campanha. Em pouco mais de uma hora, o peemedebista agiu como um verdadeiro candidato: soltou várias frases de impacto e promoveu os primeiros ataques ao governador Eduardo Campos (PSB), com quem vai protagonizar um "clássico" da política local.

O anúncio de Jarbas não encerrou as especulações sobre a composição da chapa majoritária da oposição. Como já era esperado, o senador Marco Maciel (DEM) confirmou após o evento que será candidato à reeleição, mas a vaga de candidato a vice-governador e o segundo posto para senador continuam vagos. O senador Sérgio Guerra (PSDB), que numa nota distribuída no início da manhã já confirmava a desistência à reeleição para disputar um mandato de deputado federal, chegou atrasado. Mas foi citado de maneira cordial por Jarbas.

Sentado à mesa e de microfone em punho, o ex-governador tinha ao seu lado direito os democratas Marco Maciel e Mendonça Filho, e no esquerdo os presidentes nacional e estadual do PPS, Roberto Freire e Raul Jungmann, respectivamente. Primeiro, leu um discurso que resume os pontos cruciais que culminaram na sua decisão. Depois, respondeu pacientemente àsperguntas dos jornalistas.

Nas entrelinhas, o cacique da oposição revelou qual será a espinha dorsal da sua campanha. A postura anti-Lula, uma marca do seu mandato como senador, será engavetada em prol do discurso nacional adotado pelo presidenciável José Serra (PSDB), claramente focado na desconstrução da candidata Dilma Rousseff (PT)."Lula não é candidato a nada nesta eleição. Minha relação com Lula foi republicana, respeitosa, mas sem adesismos. Nunca fui adesista. Tenho nojo do adesismo", disse.

Como forma de contrapeso ao abrandamento com o presidente, o peemedebista não apenas tratou de alfinetar Eduardo Campos e sua administração, como partiu para o espinhoso terreno da comparação entre a sua gestão e a do arquirrival. O agora pré-candidato a governador abarcou para si a geração dos grandes empreendimentos de Suape, como a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul, e reclamou dos atrasos e das promessas de emprego não concretizadas nesses projetos.

Um dia antes da visita de Lula ao Estaleiro,Jarbas pôs em xeque o peso da influência de Eduardo Campos nos projetos do governo federal em Pernambuco. No trecho mais ácido, chegou a comparar o governo socialista a um beija-flor, que "pousa aqui, pousa ali" e atira para todos os lados.

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